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1ª Mostra Nacional de Mídia Negra promove valorização histórica da produção mulheres

Evento promoveu a produção midiática de mulheres negras e debateu a importância da representatividade na mídia

O Clube de Blogueiras Negras fez história em 2019 ao realizar a primeira Mostra Nacional de Mídia Negra em Belo Horizonte. O evento reuniu comunicadoras de BH e influenciadoras de várias partes do Brasil, para valorizar a produção midiática de mulheres negras.

1ª Mostra Nacional de Mídia Negra | Clube de Blogueiras Negras

Durante a noite do evento, o público pôde assistir a conteúdos produzidos por blogueiras, youtubers e outras comunicadoras negras, incluindo vídeos e textos. Além disso, houve debates sobre a produção de conteúdo e a importância da mídia negra para construir uma sociedade mais justa e igualitária.

Zaíra Magalhães (à esquerda) e Lívia Teodoro (à direita)

A responsável pela criação e coordenação do Clube de Blogueiras Negras, Lívia Teodoro, foi uma das organizadoras do evento. Lívia é comunicadora popular, designer e professora de História pela UFMG, com especialização em História da África e Afrobrasileira.


A produtora executiva da mostra, Zaíra Magalhães, também teve um papel fundamental na realização do evento. O financiamento da atividade foi feito pelo Frida Feminist Fund, fundo que apoia projetos liderados por jovens que lutam por direitos das mulheres e por igualdade de gênero pelo mundo.

MULHERES NEGRAS E MÍDIA

A participação de mulheres negras na mídia tradicional, comunitária ou independente no Brasil é muito baixa. Uma pesquisa realizada em 2018 pelo Instituto Patrícia Galvão mostrou que apenas 13% dos jornalistas que trabalham em redações de todo o país são negros. Além disso, a pesquisa apontou que apenas 2,2% dos profissionais da área nos principais jornais e revistas são negros.

Os dados mostram que as mulheres negras não são bem representadas na mídia brasileira e não têm muitas oportunidades e espaço para serem vistas, o que reforça preconceitos. A Mostra Nacional de Mídia Negra foi importante para valorizar e reconhecer o trabalho de mulheres negras na mídia e lutar contra a exclusão e marginalização delas na sociedade e na mídia.

Além da importância de figuras que representem a população negra na mídia, outro ponto importante é que a profissão de influenciador digital tem crescido significativamente no Brasil. Com o aumento do acesso à internet e das redes sociais, a profissão tem se tornado cada vez mais comum, e muitas vezes, bastante lucrativa.

No Brasil, essa profissão tem se destacado especialmente entre as mulheres, incluindo as mulheres negras. Segundo uma pesquisa realizada pela Squid, empresa especializada em marketing de influência, cerca de 70% dos influenciadores digitais no Brasil são mulheres.

Além disso, a mesma pesquisa apontou que 47% dos profissionais no país são negros ou pardos, mostrando a crescente participação de pessoas negras nessa área.

A IMPORTÂNCIA DA REPRESENTATIVIDADE

A presença de influenciadoras negras na mídia pode ter um grande impacto na vida da população em geral, quebrando estereótipos e preconceitos e inspirando outras pessoas negras a seguirem seus sonhos e acreditarem em si mesmas.

De acordo com dados do IBGE, a população negra representa cerca de 56% do total no Brasil. No entanto, a presença dessas pessoas na mídia e na publicidade ainda é muito baixa, privando muitos deles de referências positivas para se espelharem.

Ainda assim, ver mais mulheres negras criadoras de conteúdo na mídia pode ajudar a mudar essa realidade. Ao compartilharem suas histórias, vivências e opiniões nas redes sociais, elas dão voz a uma parcela significativa da população que muitas vezes é silenciada.

Mais do que isso, ao mostrarem suas conquistas e superações, elas inspiram outras pessoas negras a acreditarem em si mesmas e a lutarem por seus sonhos, abrindo caminhos para que mais negros possam se tornar referências positivas para as gerações futuras.

Segundo Lívia Teodoro, criadora e coordenadora do coletivo, "a comunicação popular deve estar pautada pela luta antirracista e pela valorização das mulheres negras. As políticas afirmativas na comunicação são importantes para garantir a diversidade na mídia, além de combater o racismo e a exclusão social", e completa "a mídia negra é importante para a construção de uma sociedade mais democrática e justa, pois ela permite que as vozes de pessoas historicamente excluídas sejam ouvidas e valorizadas."

A LUTA DAS MULHERES NEGRAS NO BRASIL

Vale lembrar que a luta das mulheres negras no Brasil é histórica e fundamental para a conquista de direitos e espaços na sociedade. Desde o movimento para abolir a escravidão, liderado por mulheres negras como Tereza de Benguela, até agora.

Um exemplo importante é o movimento feminista negro, que surgiu nos anos 80, unindo a luta antirracista com a luta feminista. Esse movimento foi responsável por revisitar a pauta da discriminação racial dentro do movimento feminista e pela valorização da história e cultura negra.

O evento histórico permitiu a discussão sobre a importância da representatividade na mídia e do empoderamento das mulheres negras. A ideia do coletivo trabalhando com outras mulheres e grupos é uma forma importante de caminhar na direção de uma sociedade mais justa e igualitária.


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